Meetup Acelera – edição Bioeconomia’ traz cases sobre ‘pegada verde’ como um fator de peso na escolha de produtos via marketplace

Consumidor com ‘olhar sustentável’ é oportunidade para fortalecimento do ecossistema de Bioeconomia

Nove em cada dez usuários de comércio eletrônico estão preocupados com a situação ambiental atual do planeta. Aquecimento global (41%), contaminação da água (37%), esgotamento dos recursos naturais (35%) e escassez hídrica (35%) estão entre os principais problemas que afligem esse tipo de consumidor. O cenário da pesquisa feita em abril entre os usuários do Mercado Livre, aponta uma oportunidade para inserção de produtos sustentáveis nesse meio, um dos desafios a serem superados no âmbito da bioeconomia.
Com o tema ‘Conquistando Grandes Mercados: Estratégias para Aproximação Efetiva e Expansão da sua Marca’, o primeiro encontro da série 2023 do ‘Meetup Acelera – edição Bioeconomia’ trouxe essa problemática para o debate dos agentes que atuam no ecossistema dentro da Amazônia.
O evento, realizado de forma conjunta entre Idesam, Impact Hub Manaus e Fundação Rede Amazônica, aconteceu de forma híbrida, nesta terça-feira, 15.08, no Impact Hub Manaus, com as palestrantes convidadas Laura Motta, gerente responsável pela estratégia de Sustentabilidade do Mercado Livre no Brasil, e Paula Gabriela Monteiro, coordenadora da Bemol Farma.
Durante a palestra, Laura Motta destacou dados que apontam para a perspectiva de um mercado consumidor voltado a produtos com impacto positivo no Meio Ambiente, entre eles a durabilidade do produto (40%); a origem socialmente responsável ou certificada (39%); que protege a biodiversidade (34%); ou feita com material reciclado ou biodegradável (33%). Nesse quesito, setor de cuidado pessoal, bem-estar e alimentação estão entre os segmentos que mais crescem.
“Isso é resultado do trabalho que todo o setor vem fazendo para pautar a questão e que começa a refletir como uma preocupação que faz os consumidores escolherem ou não os produtos da sociobiodiversidade”, afirmou Motta, que destacou as campanhas especiais ‘Biomas a um Clique’, que reúnem itens sustentáveis feitos por empreendimentos que contribuem para a valorização e a preservação dos biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica e integram uma seção especial dentro da plataforma.
Nesse mesmo horizonte, Paula Gabriela Monteiro, coordenadora da Bemol Farma, apontou para uma mudança de comportamento do consumidor que, em 87% dos casos, busca ter interação significativa com as marcas, relacionando-as com as ações – positivas ou negativas – de influenciadores que a promovem.
“Hoje leva-se em consideração com quem o quê a marca está conversando e a sustentabilidade é um desses quesitos”, aponta. Por conta disso, a Bemol criou uma tag específica dentro do seu site de compras voltada à promoção desses produtos com preferência para os de origem amazônida.
Desafios logísticos
Além das experiências de quem trabalha com a comercialização e o escalonamento de mercado de produtos de origem sustentável, o evento trouxe ainda o relato dos desafios enfrentados pela cadeia produtiva de óleos vegetais para o transporte da matéria-prima, dentro e fora da região amazônica.
Participaram do debate Soon Hee Han (Suni), sócio-fundadora da Amakos, empresa de biocosméticos; Louise Lauschner, especialista da iniciativa Produção Sustentável do Idesam; e Anderson Vasconcelos, pesquisador e sócio administrador da empresa Inova Manejo. Os três negócios são fruto do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), política pública da Suframa para investimento em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, coordenada pelo Idesam.
“Embora tenha situações que sejam de responsabilidade do poder público, se não colocarmos dentro da nossa conta, não tem negócio fechando. Por isso, é preciso entender o que funciona na região; na época da borracha funcionava uma logística, há mais de cem anos, então, pensar e olhar diferente para ver o que pode funcionar de novo, o que vai me caber de logística em um negócio, é fundamental”, afirmou Lauschner, que foi responsável pela implantação da marca coletiva Inatú Amazõnia.
Anderson Vasconcelos destacou a busca de parcerias com outras empresas e instituições para ajudar no transporte. Atualmente, ele trabalha na facilitação da extração do óleo de pracaxi junto à comunidade do Limão, no Amapá.
“O que vemos como desafio é também uma oportunidade de criar soluções. Escolhi estar na Amazônia onde é distante do grande público consumidor, que é o segmento de cosméticos de alto valor agregado, mas estou próximo dos meus fornecedores, falando diretamente com quem coordena e esta a par dos movimentos desses óleos, que é a Inatú, e com apoio de um ecossistema inteiro, que é novo, mas com muita coisa para contribuir. O que estamos propondo tem valor e não é pouco”, afirmou Soon Hee (Suni).
Programação
Até dezembro, outros quatro eventos estão previstos dentro da programação do ‘Meetup Acelera – edição Bioeconomia’, com temas que vão de unidades de conservação e inovação; estratégia de lançamento de produtos e formação de negócios e parcerias. A proposta é conectar comunidade de inovação, experiências criativas e de negócios na Amazônia, além de cadeias produtivas incentivadas.
“Desde o período do Brasil Colônia exporta-se óleo e hoje vemos em gôndolas de e-commerce local e nacional, ou seja, isso é algo que perpassa a nossa cultura. Como fazer isso de forma a valorizar as comunidades produtoras, vencer barreiras logísticas e ajudar a manter a floresta em pé a partir da inovação? Essa é a proposta do Idesam: trabalhar na busca de soluções para os gargalos dessa cadeia”, afirmou o gerente do PPBio, Paulo Simonneti, representante do Idesam no evento.
“A nossa pegada é entender como podemos alavancar negócios que reforcem a economia da nossa cidade e da nossa região, conectando quem está trabalhando isoladamente. Por isso estamos juntos nessa empreitada”, afirmou Marcos Rocha, gestor do Impact Hub Manaus.
Márcia Lyra, diretora administrativo da Fundação Rede Amazônica (FRAM), destacou que o desafio de acelerar esse processo é proporcional ao tamanho da Amazônia. “Falar sobre bioeconomia é tão desafiador quanto conectar a região e por isso precisamos falar e avançar mais. Esta é uma boa oportunidade para isso”.
Texto: Steffanie Schmidt